A propósito do
grande evento que aí vem, o Rali Vinho Madeira de 2015, esta semana andou uma série
de gente num frenesim a querer saber se haveria tolerância de ponto na
sexta-feira dia 31 de Julho.
Desde já digo,
escusam de comentar e de criticar a minha posição, e peço desculpa a quem muito
aficionado é a estas coisas de bólides e corridas, mas considero insensato
atribuir uma tolerância de ponto para que toda a função pública acompanhe o
rali.
Já produzimos
pouco, já trabalhamos sem objetivos, sem critérios rigorosamente definidos, sem
motivação e sem entusiasmo. Estamos na Europa (lá bem no fim do fim….) mas não
usufruímos salários mínimos equivalentes a outros países daquele grupo. O ser
humano reage a emoções, não havendo troca, compensação justa e equitativa,
porquê se esforçar, porquê trabalhar com brio profissional e bem. Qual a
mais-valia, qual o proveito, qual o retorno de um trabalhador exemplar?
São poucas as
pessoas que por uma questão de atitude, de consciência e de postura, põem em
tudo o que fazem o seu melhor, esmeram-se, fazem um bom trabalho porque assim
tem de ser feito. Está em causa a própria pessoa, a sua integridade, e o seu bom
desempenho.
Seja como for,
para mim não é consensual, uma ausência ao trabalho, por motivos de uma prova
automobilística.
Mas as pessoas
opinam segundo as suas convicções e as coisas que lhes dão satisfação e
contentamento e de facto já escrevi antes e volto a repetir não sou fã de
bólides.
Não gosto de
conduzir, nem de estacionar carros, nem tão pouco de fazer inversão de marcha.
Apenas conduzo por necessidade e por uma questão muito importante na minha
vida, a minha independência.
Nunca teria um
carro descapotável, porque nunca saberia se olhariam para o carro ou para a
pessoa que o conduz.
Também nunca
teria um carro vermelho, nem necessito equacionar os motivos.
Gostaria de às
vezes ter um bom Jeep, que jeito me daria?! Cruzo a Avenida do Mar quatro vezes
por dia e assisto a cada cena, uma mais deplorável que a outra.
As cabeças vão
ziguezagueando, lado esquerdo, lado direito, abre vidro, fecha vidro, endireita
o espelho, faz pisca e não muda de marcha, pára no semáforo amarelo, quando
estamos cheias de pressa, etc, etc…
Agora que
estamos no Verão anda tudo mais lento, a cidade enche-se de continentais,
espanhóis e emigrantes, que ao invés de conduzirem, passeiam a família, mostram
orgulhosamente o quanto evoluiu a terra que os viu nascer.
A Avenida vai
cheia de miúdas giras, mais despidas e mais atraentes, como o calor assim obriga.
Na nova Praça do Mar estendem-se os putos
a praticar skate, improvisam plataformas e executam manobras de baixos e
altos graus de dificuldade. Exibições fantásticas, cujos cenários por vezes
embaraçam o trânsito.
Mesmo não
gostando de carros e porque há coisas e há pessoas a quem não podemos dizer que
não, aqui há muitos anos quando os meus miúdos eram pequenos participei através
do Infantário que eles frequentavam num rally
paper.
Ia morrendo de
enjoo, decoramos o carro todo, o tema era os planetas, e o carro tinha a Lua, o
Sol, Marte, Júpiter e Plutão. Desempenhava o papel de co-piloto e tinha a
incumbência de além de transmitir as mensagens padrão, completar as respostas,
seguindo as pistas, olhando para os papéis, escrevinhando, entrando e saindo do
carro à procura de coisas e de objetos. Cheguei heroicamente ao fim e bem
colocada porque não gosto de perder, nem a feijões.
Espero muito
sinceramente que os madeirenses aproveitem o primeiro fim de semana de Agosto, desfrutando do rali, e já agora só para que fiquem a saber o meu carro é um
simples Renault Clio, cinza prata.
24-07-15
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